terça-feira, 15 de junho de 2010

A Ordem Maçônica - definições

http://andreia-andreiavieira.blogspot.com/

( * )Irm Ambrósio Peters.
Or de Curitiba - PR.
Escritor, Historiador Filosofo e Livre Pensador.
Artigos do Livro desse mesmo autor:
MAÇONARIA
HISTÓRIA E FILOSOFIA
Tirado da Coluna: Da Doutrina - Sob o comando do Irm Antonio Carlos de Souza Godoi. Or de Mogi Guaçu-SP

( * )Irm Ambrósio Peters.
Or de Curitiba - PR.
Escritor, Historiador Filosofo e Livre Pensador.
Artigos do Livro desse mesmo autor:
MAÇONARIA
HISTÓRIA E FILOSOFIA
Tirado da Coluna: Da Doutrina - Sob o comando do Irm Antonio Carlos de Souza Godoi. Or de Mogi Guaçu-SP
A Ordem Maçônica - definições

Irm Ambrósio Peters. ( * )
As definições corretas sempre deveriam ser o primeiro passo ao se pretender partir para um estudo mais aprofundado de qualquer tema complexo e controverso. Veremos no correr desta obra que o estudo da Maçonaria é realmente complexo e controverso.

O primeiro passo para se chegar a uma definição clara é estudar a Maçonaria como um todo, evitando analisá-la somente face ao comportamento isolado de grão-mestres, de maçons individualmente, ou face a atividades de lojas maçônicas consideradas isoladamente.

Obstáculos a uma correta definição são também as mistificações, os preconceitos e as lendas que continuam a distorcer significativamente o ideal maçônico perante o grande público, obstáculos que só poderiam ser superados e removidos por um profundo conhecimento da história e dos princípios essenciais da Ordem.

Essas são razões que conduzem à necessidade de se procurar definir a Maçonaria começando pelo método da eliminação, isto é, dizendo primeiramente o que ela não é, ou seja, que ela não é uma religião, não é uma facção política, não é uma associação de socorros mútuos tampouco é uma sociedade formal.

Em primeiro lugar a Maçonaria não é uma religião porque os seus adeptos não são obrigados a pertencer a alguma religião organizada nem a adotar preferencialmente alguma corrente filosófico-teológica. Isto porém não a impede de recomendar a todos os maçons que sejam absolutamente conscientes de suas crenças e cumpram todos os deveres religiosos assumidos em razão de sua fé, qualquer que ela seja.

É oportuno observar que há potências maçônicas (veremos logo adiante o que é uma potência maçônica) que exigem dos candidatos à iniciação a crença em um Ser Supremo e na sobrevivência do espírito, embora não definam uma concepção oficial para esse Ser Supremo nem como e onde se dará essa sobrevivência do espírito, definições que são deixadas à opção individual. Não é meta da Maçonaria interferir nas convicções religiosas de seus membros ou fiscalizar os seus procedimentos frente a suas crenças. Ela apenas insiste em que todos sejam plenamente conscientes de sua opção.

Dessa forma não tem sentido a acusação de muitas religiões cristãs de que a Maçonaria é contra a religião e que prega um conceito de Deus difuso, em outras palavras, que prega um Deus incorpóreo e ilimitado no tempo e no espaço. Recomenda-se a cada maçom que busque incessantemente a verdade e que, encontrando-a, a assuma conscientemente, ou pela fé ou pela razão, seja em que religião concepção filosófico-teológica for, seja qual for a concepção de Deus preferida, politeísta, monoteísta, deísta. iluminista, panteísta etc.

Essa neutralidade religiosa no interior das lojas maçônicas é assumida para evitar que irmãos possam mutuamente tentar se influenciar, provocando desavenças pessoais ou abalando a segurança da fé e das convicções pessoais dos outros. Uma interação mútua assim poderia dar margem ao proselitismo religioso ou político, uma prática absolutamente condenada pela Maçonaria em seu seio.

A Maçonaria também não é um partido político e nem esposa alguma teoria política em particular, embora demonstre predileção pelos sistemas democráticos e se manifeste contrária a tudo o que possa limitar as liberdades individuais. Isto evidentemente não significa que significa que proíba aos seus membros que pertençam a partidos políticos ou que se dediquem a atividades políticas de modo sadio, patriótico e coerente.

Ao contrário, recomenda a todos os maçons que, individual ou coletivamente, colaborem ativamente em todas as promoções sociais de seu país, do seu partido, de sua religião, de sua associação, enfim, de sua coletividade.

A Maçonaria não aceita como membros os políticos que se pronunciam a favor de correntes político-doutrinárias totalitárias, como o Comunismo, o Fascismo e o Nazismo, ou que colaborem com ditadores e tiranos que suprimam as liberdades individuais, nem os que se opõem à Maçonaria.

Dessa forma vemos que, quando a Maçonaria proíbe que sejam tratados temas religiosos e políticos no seio de suas lojas e templos, ela simplesmente o faz para evitar a desarmonia entre os irmãos. A História nos mostra que a maior parte das guerras e genocídios que em todos os tempos afligiram a humanidade aconteceu por motivos religiosos e/ou políticos. Ainda hoje vemos exemplos em muitas partes.

Fica pois evidente que a Maçonaria não é contrária à religião nem à política. Sendo as suas lojas formadas de modo geral por pequenos grupos de irmãos, a maioria cristãos( 1 )e líderes em suas comunidades, se torna imperioso evitar o encontro frontal entre correntes religioso-políticas divergentes, pois isso traria certamente exacerbadas discussões, que destruiriam o sentimento de harmonia que deve reinar no interior desses recintos, indispensável para fazer crescer a fraternidade.

A Maçonaria assumiu desde o seu início um caráter universalista, para tornar possível a iniciação a todos os cidadãos livres e de bons costumes, independente de sua religião, de sua categoria social, de sua raça, de sua convicção política, o que exige rigorosa neutralidade.

A Maçonaria também não é uma simples associação caritativa nem uma caixa de socorros mútuos. A prática da caridade e do socorro mútuo pelos maçons é uma atitude pessoal resultante do crescimento interior e do aperfeiçoamento do espírito da filantropia, alcançado através de um longo trabalho de conscientização no interior das lojas.

A filantropia maçônica não se cumpre com o simples ato de estender uma moeda a um pobre. A filantropia maçônica tem um sentido mais alto, é atitude geral de benevolência para com todos os outros homens.

É um sentimento de amor que invade o homem quando toma consciência de que pertence a uma coletividade superior formada por todos os homens, a humanidade. A filantropia maçônica é uma tomada de consciência.

A Maçonaria mundial também não é uma organização formal nem uma sociedade ou associação formal. As entidades sociais formais de qualquer natureza sempre se regem necessariamente por estatutos, regulamentos, contratos sociais ou constituições e sempre são dotadas de uma hierarquia administrativa central legalmente nomeada segundo disposições regulamentares, contratuais e estatutárias, ou eleita por assembléias gerais. Não há associações formais sem estatutos ou regulamentos e sem administração central.

A Maçonaria considerada como um todo não se rege por regulamentos, estatutos ou constituições e não tem nenhuma hierarquia administrativa ou governo supranacional ou mundial não sendo, portanto, uma organização formal.

Parece-nos que a idéia de que haveria esse governo maçônico supremo, ou mundial, ou esse comando maçônico central com poderes de mando sobre toda a Maçonaria, nasceu do conhecido Os Protocolos dos Sábios de Sião ( 2 ).

Este livro, que acusa a Maçonaria de se ter aliado ao Judaísmo numa tentativa de dominar o mundo valendo-se de todos os meios possíveis, até do derramamento de sangue se necessário, é uma falsificação histórica de natureza anti-semita lançada em 1903 pela política czarista, na cidade de Cravóvia. A falsificação é confirmada por fontes insuspeitas como a Enciclopédia Delta Larousse e o historiador Mário Curtis Giordani ( 4 ). Este autor o relaciona entre outras famosas forjicações históricas como o Donatio Constantini, o Monita Secreta, e O Homem de Piltdown.

Então, se a Maçonaria não é uma religião, não é um partido político, não é uma sociedade de socorros mútuos, não é uma associação ou organização formal e não tem um governo mundial, como se poderia defini-la? Pensamos que o mais correto seria dizê-la uma ordem, isto é, um grupo de pessoas que, reunidas informalmente em torno de um ideário, ou seja, em torno de um conjunto ou sistema de idéias e propósitos, tentam alcançar um determinado objetivo através de um relacionamento pessoal harmonioso.

Transcrevemos as definições do dicionário Aurélio: "Ordem = 1 - Disposição conveniente dos meios para se obterem os fins"; - "Ideário = Conjunto ou sistema de idéias políticas, sociais, econômicas, etc.:o ideário da Revolução Francesa".

Portanto ordem é o grupo, e ideário é o elemento de ligação entre os membros do grupo formado por pessoas que se unem para o compartilhamento de um ideal e para atingir um determinado objetivo.

A ordem nasce portanto a partir de ideários. Os ideários, por sua vez, nascem em certos momentos históricos de forte comoção e ansiedade coletivas causadas por condições sociais adversas de instabilidade ou insegurança geral, como grandes calamidades da natureza, contínuas guerras, fome e pestes. Para que possa merecer a atenção pública e levar à constituição de uma ordem deve um ideário conter aspectos socialmente revolucionários, capazes de abrandar os efeitos das adversidades.

Como exemplo clássico pode ser tomado o Cristianismo. Cristo lançou as bases de um ideário composto de idéias muito simples, mas que eram revolucionárias para o seu momento histórico. Essas idéias eram o amor a Deus e o amor ao próximo.

Cristo viveu num período em que praticamente todo o mundo conhecido estava sob o domínio de Roma, que estabelecera a sua forçada e famosa Pax Romana universal, isto é, uma tranqüilidade imposta aos povos dominados ( 5 ) .

Nesse mundo romano não havia consideração para com o indivíduo que era simples propriedade do Estado, podendo ser usado e descartado sempre que o bem do Império o exigisse. O grupo estava supervalorizado. Num momento assim Cristo valorizou o indivíduo acenando-lhe com as esperanças de uma vida melhor após a morte, onde todos seriam iguais perante Deus. E como meio de conquistar esse céu ele falou em amor ao próximo, isto é, na fraternidade, idéia absolutamente desconhecida nesse mundo intranqüilo e inseguro. Assim Cristo lançou um ideário e os primeiros cristãos, ao se unirem informalmente em torno dele, constituíram uma ordem, a Ordem Cristã.

O ideário da Maçonaria Moderna surgiu na Inglaterra, no momento de grande conturbação que se seguiu ao final da Idade Média (século XV). Foi uma época de grandes adversidades provocadas por permanentes guerras religiosas, insegurança intelectual frente ao surgimento da Idade da Razão, seguidas e desejadoras pestes, altíssimos índices de mortalidade infantil e sobretudo por fome e penúria. Num momento assim conturbado e desesperador renovou-se um sentimento de fraternidade e de solidariedade, e começou a estabelecer-se uma ordem em que se uniam indivíduos das mais diversas posições sociais, irmanados por esses sentimentos em comum.

Assim a Maçonaria Moderna, ou Especulativa como é mais conhecida, é uma ordem que se define com "um centro de união no qual se desenvolve um verdadeiro e puro sentimento de fraternidade e solidariedade entre homens que, sem esse centro, teriam ficado perpetuamente distantes". Essa é a definição que consta do primeiro documento oficial da Maçonaria Moderna, o Livro das Constituições, de 1723, da Grande Loja de Londres( 6 ).

Os ideários, quando passam os momentos de tribulação que os geraram, se perpetuam como ordens, incorporando-se às tradições orais dos povos onde nasceram. Depois de incorporados às tradições culturais dificilmente se poderá remover alguma de suas idéias básicas, pelo simples fato de que para isso seria necessária a convocação de assembléias gerais, providência impraticável pois as ordens não têm administrações centrais para convocá-las. Por exemplo, a não admissão de mulheres na Maçonaria é uma tradição de quase mil anos, que não pode ser abolida por ser a Maçonaria uma ordem.

É possível o acréscimo de novas idéias aos ideários desde que não contradigam frontalmente as idéias básicas de sua formação original. As contradições descaracterizam os ideários originais, que podem perder-se na transmissão das tradições, permitindo o surgimento de novos grupos de idéias em sua substituição.

Quando aparecem as administrações hierarquizadas centrais é porque o ideário original já foi objeto de interpretações casuísticas que o desvirtuaram, adaptando-o a situações e interesses particulares. É a partir dessas interpretações que surgem as dissensões das quais nascem as instituições formais com suas hierarquias. Foi por causa de interpretações diferenciadas de exegetas que do puro ideário do Cristianismo surgiram centenas de religiões cristãs divergentes, todas se dizendo detentoras absolutas da interpretação correta do ideário original.

Justamente porque a Maçonaria não se tornou uma instituição hierarquizada não vingaram algumas interpretações diferenciadas do seu ideário e não se radicalizaram algumas raras dissensões. Ela continua a ser uma ordem tão estável que a sua definição ainda é a mesma de há trezentos anos.

Na verdade quando se criou uma primeira hierarquia regionalizada, com o grão-mestrado da Grande Loja de Londres, em 1717, houve uma ameaça de ruptura com a criação da Grande Loja dos Antigos, em 1753, mas tudo voltou à paz de antes com o pacto de unificação de 1813.

Hoje, como então, podemos ainda definir corretamente a Maçonaria como uma Ordem, a Ordem da Maçonaria ou Ordem Maçônica, cujo ideário é a liberdade individual, a fraternidade universal, a igualdade de direitos entre todos os homens, a caridade desinteressada, e a solidariedade e a lealdade sem limites. Como meio principal de chegar a esses objetivos os maçons se reúnem em lojas que são verdadeiros centros de união onde se desenvolve um verdadeiro e leal sentimento de fraternidade, aproximando homens que de outra forma ficariam perpetuamente distanciados.


( 1) No Brasil são raros os maçons que não seguem os ideários do Cristianismo.



( 2 ) Os Protocolos dos Sábios de Sião. Ed Júpter , S. Paulo (houve outras edições no Brasil)


( 4 ) História da Antigüidade Oriental, pg 17


















( 5 ) Enciclopédia Delta Larousse, verbete Pax Romana.













( 6 ) Constituições de Anderson - GOB. pg 50




andreia caetano



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