quinta-feira, 13 de agosto de 2009

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MENSAGEM ÀS NOVAS GERAÇÕES DE MAÇONS

José Castellani

A Maçonaria brasileira, há escassas 3 ou 4 décadas, era bem diferente da de hoje, em todos os sentidos. Havia, na época, um desinteresse total pelas práticas maçônicas, pela História da Maçonaria brasileira e até pelas atividades de assistência social do Grande Oriente do Brasil. A desintelectualização da Maçonaria, iniciada nos anos do Estado Novo, ia de vento em popa, com a iniciação de homens absolutamente despreparados para entender a ciência maçônica. A mídia maçônica era praticamente inexistente ; os livros contavam-se nos dedos de uma das mãos e, com raras exceções, não primavam pela qualidade, principalmente no tocante à História da Maçonaria no Brasil.

Houve, nesse ponto, uma extraordinária evolução. Hoje há um interesse maior pela cultura maçônica ; a publicação de livros cresce em progressão geométrica, embora haja muito entulho literário, do qual se salvam algumas boas obras ; o número de jornais e revistas tem aumentado, embora muitos não possam, também, passar por um crivo de qualidade. De qualquer maneira, porém, já há uma consciência maçônica palpável --- semelhante ao conceito de cidadania --- acompanhada do desejo de conhecer uma instituição que, em nosso meio, confunde-se com a História do Brasil independente.

Essa consciência, inclusive dos dirigentes, permitiu que o Grande Oriente do Brasil se agigantasse culturalmente e voltasse a ocupar o lugar de destaque de que desfrutava no século passado. Permitiu que um Grão-Mestre solicitasse a um historiador o registro de uma História documental do Grande Oriente do Brasil, abrindo-lhe todos os arquivos históricos da Obediência. Esta obra, escrita por solicitação do então Grão-Mestre Geral Jair Assis Ribeiro, foi lançada em 1993, como História oficial do Grande Oriente do Brasil.

Apesar disso, contudo, o entulho literário de 30 anos atrás continua a influenciar maçons. Apesar dessa História oficial do GOB provar, com documentos, que o calendário usado pelo Grande Oriente do Brasil, em seu início, era o equinocial,

iniciando o ano no dia 21 de março, os pesquisadores ainda são obrigados a ver, com desencanto, em muitas publicações maçônicas, a heresia histórica de que o Grande Oriente "proclamou" a independência a 20 de agosto e que o príncipe regente foi iniciado a 13 de julho. Pelo calendário da época, o 6o. mês maçônico tinha início a 21 de agosto e, portanto, o seu 20o. dia era 9 de setembro ; da mesma maneira, o 5o. mês tinha início a 21 de julho e, portanto, o seu 13o. dia era 2 de agosto. E isso já foi provado, com documentos. Mas é ainda Arcy Tenório de Albuquerque, escritor das décadas de 40 e 50, sem lastro histórico e sem embasamento documental, a influenciar articulistas.

A Maçonaria de hoje, já participa mais do cenário político-social da nação, como mostram os muitos encontros e seminários, que estudam e debatem os temas atuais, apresentando conclusões que o Grão-Mestrado Geral tem levado às autoridades, como o pensamento do Grande Oriente do Brasil. Com isso e com o incremento cultural --- necessário a qualquer atividade social --- a Maçonaria brasileira superou o conceito de anacrônica com que era "brindada" há uns 40 anos. Ela é cada vez mais viva e participante, cada vez mais ativa e entrosada na sociedade brasileira. Os que vivem o dia-a-dia do Executivo do Grande Oriente do Brasil, têm podido aquilatar essa evolução, que já nos dá, na Capital Federal, a condição de instituição a ser ouvida em todos os momentos da vida nacional.

Uma mensagem às novas gerações de maçons teria que ser, nesta publicação cultural, especificamente dirigida aos maçons do Grande Oriente do Brasil, no sentido de dar-lhes conhecimento da importância da primeira Obediência maçônica nacional na História do Brasil independente ; de lhes mostrar que o patrimônio físico, moral e intelectual que recebem é uma dádiva e um bem que deve ser preservado e aumentado ; de incutir, em suas mentes, a noção do dever maçônico perante a sociedade brasileira ; de gravar, em seus corações, que o Grande Oriente do Brasil merece todo o seu respeito e o seu incessante trabalho, em memória de todos os grandes nomes da nação que por ele já passaram e que --- sem embargo de uns poucos que o enxovalharam --- honraram e dignificaram a instituição.

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